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sexta-feira, 16 de junho de 2017

Tecnologia orgânica para hortas sustentáveis na cidade


Adubação Orgânica

(Todas as fotos deste post são de autoria de João Cruzué)

Minhas mudas de manjericão.


ADUBO ORGÂNICO 
FEITO SOPA DE CASCAS DE:  FRUTAS, OVOS, VERDURAS E BORRA DE CAFÉ

Foto 1
Adubo orgânico.
Por: João Cruzué
.
Este assunto de horta em casa, horta na cidade, adubo orgânico, é desenvolvido em profusão no YouTube. A maioria das vezes funciona, porém eu não tive tanta sorte assim.  Por exemplo, ao seguir  um vídeo ali, acabei colocando farinha de osso e torta de mamona em uma dúzia de mudinhas de uva que consegui ver brotar. Belíssimas. Morreram todas!  Daí, comecei a desconfiar. Nem tudo que aparece por lá é conveniente usar sem testar.  Quero, então, comentar neste post algumas tecnologias que tenho usado e que não tem matado minhas plantas.

Analise esta tigela acima. Ai está uma tecnologia de adubação orgânica feita de "lixo" que funciona. Eu não gosto de usar a palavra lixo, porque,  na verdade, lixo não é. As leis ambientais  lhe dão um nome pomposo: Resíduos Orgânicos. Para mim, também estão longe de ser resíduos. São riquezas que podem substituir de pouco a pouco as adubações químicas.

1. Por exemplo,  as cascas de bananas. Segundo dados publicados em uma tabela no Jornal (julho/2006) da Universidade Estadual Paulista (UNESP), onde estão as quantidades de nutrientes em 100 gramas de frutas, a banana possui o dobro de potássio na casca (0,93 mg) em relação à polpa (0,45 mg).

2. A casca de uma laranja possui 106,9 mg de Fósforo. Sua polpa contém só 18,9 mg, tendo como base 100 gramas da fruta. No mesmo compasso, a casca do mamão possui 50 mg de fósforo, enquanto sua polpa contém 35 mg.

3. A borra de pó de café é considerada uma rica fonte de Nitrogênio, posso dizer, em todos os vídeos do YouTube. Por outro lado as pesquisas científicas dizem que não é bem assim. A Dissertação de Mestrado de Soraia Alexandra Félix da Cruz,  Avaliação do potencial da borra de café fresca na mineralização do nitrogênio e do fósforo e em culturas hortícolas,  pela Universidade de Lisboa conclui assim:
"A utilização da borra de café na agricultura é uma prática muito mencionada na internet em fontes empíricas, mas não existe muita evidência científica da sua efetividade ou mesmo segurança. Sendo esta uma potencial fonte de nutrientes minerais, é importante dar um destino sustentável a este resíduo orgânico de forma a reduzir o seu impacto ambiental e de certa forma melhorar o ecossistema agrícola."
4. Por derradeiro, vamos falar da casca do ovo. Em pesquisa publicada em revista pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) de autoria de Andrea Pissatto Peres, sob a orientação da Professora Doutora Nina  Waszczynskyj, temos o seguinte excerto:
"A casca de ovo é rica em minerais, tais como o carbonato de cálcio (96% do peso da casca), carbonato de magnésio (1%) e fosfato de cálcio (1%) (NEVES, 1998), sendo que o cálcio está presente em maior quantidade, e é encontrado na forma de carbonato de cálcio na proporção de 40% biodisponível do produto em pó."

Depois de mencionar essas quatro fontes orgânicas de minerais, voltemos à foto clicada hoje por mim.  Eu adquiri o hábito de processar em um liquidificador antigo todas as sobras de vegetais usados na cozinha. Trago para casa até as cascas de bananas consumidas no trabalho. Assim, todas estas sobras: cascas de banana, cascas de mixiricas, cascas de cenoura, beterraba, cascas de chuchus, cascas de ovos borra de café sem açúcar e um pouco de água se transformam nesta sopa da imagem acima. Quando não tenho cascas de ovos, gosto de colocar uma colher de sopa de cal comum.

Agora vamos aos  resultados: nas fotos abaixo, estou utilizando esta "sopa" orgânica, aos poucos, (uma colher de sopa longe dos pés das plantas)  para adubar:

a)  Estas mudas alfaces:

Foto 2
Mudas de alfaces em prateleira de sustentação

Foto 3
Mudas de  morango, rúculas e de alfaces em prateleira de sustentação.

b) Estes pequenos pés de morangos recém-nascidos:

Foto 4

c) Pés de pimentão:

Foto 5


 d) Mudas de rúculas e cebolinhas:

Foto 6


e) E minha especialidade, os pés de chuchus!

Foto 7

Resumindo: Em pequenas quantidades (colher de sopa) eu vou adicionando aquela sopa orgânica nas hortaliças;  nos pé de chuchu uma tigela inteira de adubo orgânico. Trituradas, estas as sobras de vegetais se transformam em solo em menos de 3 meses. Dessa a terra dos pequenos vasos (3.ª tecnologia) vai melhorando aos poucos tanto o perfil químico como o orgânico. A qualidade da colheita é muito boa. Ou além de boa, considerando que uso água limpa, sem cloro, captada diretamente do céu (4.ª tecnologia).

Resumo das tecnologias utilizadas: 

1.ª) Processamento de cascas de ovos, cascas de bananas, borra de café sem açúcar, cascas de mixiricas ou laranjas, água e uma colher de cal;

2.ª) Problemas de espaço. Solução Prateleiras de sustentação afixadas na parede (onde bate sol), feitas com sarrafos de madeira com 10 cm de largura e comprimento variável (Fotos 2 e 3);

3) Vasos pequenos de polietileno (12 cm de altura x 14 cm de boca) produzem muito bem alfaces e rúculas (fotos 2, 3 e 4)

> Vasos com o dobro da capacidade podem produzir salsas, cebolinhas e pimentões (foto 4);

> Vasos de 10 litros para cima, servem para couves, tomates e beterrabas .

4.ª) Captação de água da chuva: tambores de plástico de 60 litros, com tampa eficiente e tela de mosquiteiro.

5.ª) Uso de sistema de drenagem nos vasos. Brita de construção até cobri o fundo do vaso, um pedaço de pano velho para cobrir bem as britas e evitar que a terra do vaso vá embora com as irrigações. Pano + brita, altura de 2 cm;

6.ª) Substrato: húmus de minhoca, terra vegetal, terra preta do quintal + um colher rasa de cal mistura na terra de cada vaso. Encher o vaso com este substrato até faltar 1 cm para a borda;

7.ª) Vermiculita. Usar este mineral para misturar com a terra do vaso em que for fazer suas mudas - salsas, alfaces, rúculas, beterrabas, qualquer coisa. As sementes da pele dos morangos levam de 70 a 90 dias para nascer (foto 4).

8.ª) Sistema de irrigação para horta caseira. Nenhum dos que assisti no YouTube são confiáveis. As garrafas entopem os furos, enfim... ainda não tenho um projeto desenvolvido, mas pela experiência no assunto, creio que uma bombona de água mineral de 20 litros, colocada em um altura moderada,  com torneira adaptada para engate em um microtubo ou mangueira bem fina deve funcionar bem em um sistema de gotejamento. Isso ainda não publicado em qualquer vídeo. Posso considerar como de minha autoria. Com um sistema destes bem calibrado, creio que é possível  uma autonomia de 10 a 20 dias. O bastante para sair de férias, voltar e não ver sua horta inteira morta de sede.

Conclusão: Com um espaço de até 20 metros quadrados, além de fazer uma senhora higiene mental, de aliviar o stress, você pode se surpreender colhendo verduras e legumes de de alta qualidade em uma bela horta. Além disso, pode ajudar no desenvolvimento de novas tecnologias de produção sustentável de alimentos na CIDADE! 

Se você gostou, ou não gostou, pode escrever para mim: cruzue@gmail.com .

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Chuva com trovoadas e cebolinhas hoje em São Paulo - sexta 24.7.2015


Inpe-Cptec Imagem de satélite 24.7.15 - 21:30 sexta-feira
Autor: João Cruzué
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Hoje, o dia passou muito depressa para mim. Eu planejei refazer a drenagem de todos os onze vasos de terra que  tinha preparado para plantar cebolinhas e salsinhas. No começo da noite ouvi um forte trovão e depois veio a chuva. Vou detalhar minhas atividades e comemorar a chuva.

Na semana passada eu tinha comprado 12 vasos grandes, de plástico marrom, com uma capacidade estimada entre 05 e 07 litros, para o plantio de cebolinhas e salsinhas.  Fiz a semeadura das salsa, variedade graúda portuguesa em duas bacias e as sementes da cebolinha foram para uma floreira de uns 70 cm de comprimento. O problema é que ocorreu uma falha no projeto da drenagem, eu tinha colocado apenas umas britas com um pouco de areia.

Minha procura por manta de bidin se mostrou fracassada, Ela é uma espécie de tecido sintético para colocar acima das britas ou bolas de argila estendida para reter o  substrato e não deixar a água levar embora os minerais e nutrientes. Resolvi o problema com tela de mosquiteiro. Tinha comprado uns sacos de ráfia (entulho) mas o material se mostrou 100% impermeável, por isso, inadequado.

Minha irmã atendeu meu pedido e enviou das Gerais algumas mudas de couve manteiga e de cebolinhas, das variedades que minha mãe plantava em Dom Cavati. Os vasos já plantados eu os desfiz, com exceção daquele com alfavaca que gostaram do lugar.

Arranjei um saco de lixo preto para 60 litros e fui devolvendo a terra dos vasos dentro dele. A areia que comprei no  começo da tarde foi pouca. Voltei no depósito para comprar outro saco, comprando também um saco de britas e tijolos baiano. Na loja de plásticos comprei mais oito vasos. Durante o dia eu comprei dois sacos de carvão.

Meu processo de drenagem ficou assim. Fiz vários furos pequenos com uma tesoura de unha no fundo do vaso, de dentro para fora. Coloquei um pouco de carvão no fundo do vaso em lugar da argila estendida. Em cima dos pedaços de carvão, coloquei as britas. Sobre os dois materiais eu coloquei um pedaço de tela de mosquiteiro de cor verde. Em cima da tela coloquei areia média. Estas coisas: carvão, brita, tela e areia ficara da altura dos meus três dedos do meio da mão direita na vertical. 

Acima do material de drenagem, ainda ficava um espaço de 20 cm para colocar o substrato.

Eu usei como substrato a terra de muitas bacias e vasos (de cor muito escura). Este substrato eu já o tinha feito há uns quatro dias.  Eu tinha peneirado tudo aquilo, colocado um pouquinho de cal, um pouco de NPK e superfosfato - o que tinha em mão. Como registrei antes, hoje eu desfiz todos os vasos para usar uma outra metodologia para a drenagem.

Como as mudas de cebolinhas eram poucas, fui no sacolão do Morumbi Sul e encontrei maços de cebolinhas com raízes. Cortei as raízes e as folhas das cebolinhas e comecei a plantar em quatro vasos dos 16 que concluí o processo de drenagem.

Como a previsão do tempo estimou chuvas para a terça-feira, eu tinha deixado vários baldes e bacias debaixo das goteiras do telhado. Até a quinta-feira (23.7.15) o fundo deles estava apenas úmido. Desconfiei que hoje, sexta-feira iria chover e voltei a colocar as bacias e baldes nos mesmos lugares. No começo da noite, súbito, ouvi um belo trovão e, depois, água caindo. 

Eu tenho dois tambores de 60 litros para armazenamento de água da chuva, com bom sistema de vedação.  O segundo tambor já estava com apenas 20 cm de água. Depois da chuva, deu para encher os dois até à boca e ainda sobrou água para encher um terceiro tambor. 

Com água tão cara e rara, optei por esta alternativa cuja vantagem é não possuir cloro. Quanto a um provável foco de dengue, por ser hermeticamente fechados, durante dois meses, seu conteúdo se apresentou limpo e sem larvas. 

Meu projeto é cultivar uns 25 vasos grandes. Tenho dois vasos com  morangos, vou plantar alface roxa, mostardas, cebolinhas, salsinha, uns dois pés de tomates uva, uns dois pés de pepino, alfavaca, uns dois pés de pimentões, rúculas.  As mostardas e as rúculas por aqui são estranhas: folhas exageradamente grandes. Tem alguma coisa no solo que elas apreciam. Para aguar tudo isto, preciso que chova pelo menos, a cada três semanas de agosto até novembro.

Para quem ainda não viu, vou apresentar algumas de minhas plantas de colheitas passadas:

Foto: João Cruzué
Gertrudes - abril 2014

Foto: João Cruzué
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Gertrudinhas - maio 2014

Foto: João Cruzué
Gisele - fevereiro 2015

Foto: João Cruzué
Chuchus verde-escuros

Foto: João Cruzué
Manjericões

Comentários finais: Os frutos da "gertrudes" foram impossíveis de comer. Sendo da variedade das malaguetas (malaguetona) não faz o gênero de ninguém da minha família. Quanto à "gisele", é uma pimenta da variedade cayenne e, dizem, que faz bem ao coração, sendo um pouquinho mais ardida que a variedade dedo de moça - minha preferida para fazer molho com óleo de canola. 

Sobre os chuchus, há uns 30 anos venho colhendo uns 200 frutos por ano em duas estações. A gente come uns 30, distribui para os amigos umas duas, no máximo três vezes. 

Os manjericões cresceram lindos, ficaram com pés enormes, mas não é apreciado pela culinária mineira, pelo cheiro e sabor muito fortes. O engraçado é que eles ficaram bonitos, porque sabiam que não iriam para a panela...

Conclusão: coloquei bastante detalhes no post, porque daqui a alguns anos, será bom saber que no dia de hoje coloquei em ação meu mais novo projeto de matar as saudades do velho campo e registrar que choveu forte na Zona Sul de São Paulo.